21 agosto, 2011

Sonhos de uma Noite de Verão (em Estado Afónico)

Há tanto mais para ser dito do que rugidos grotescos politicamente correctos.
Existem confissões profundamente superiores às verbais, intensificadores do sentimento nu e da leveza incontrolável da existência humana.
Não preciso de gritos, preciso de silêncios confortavelmente ensurdecedores.
Preciso de espelhos de alma verdadeiros que determinem o Sim e o Não nos momentos fulcrais do meu caminho sem fim visível.
As palavras mudas têm mais fonia que as desgarradas disparadas ao desafio.
O quanto é bom recordar as transformações da pele, a desregularização das batidas cardíacas a cada toque; relembrar os olhares demoradamente envergonhados e os actos irracionais que nos permitem imaginar o que poderia estar por detrás da cortina do visível. Ah, sentir o que não foi falado...
Vamos perder-nos no tempo surdo, descodificar a linguagem um do outro, ler as entre-linhas dos nossos lábios.
Saberemos que nos conhecemos quando os nossos olhos se expressarem em simultâneo e o nosso silêncio for confortável e tradutor de tudo o que ainda temos para dizer.

2 comentários:

  1. estou a ver que escreveste a carta ao teu amor-sonho. também já fiz isso.

    está intenso, gostei muito bitz.

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