30 abril, 2012

O tempo passa.
Vês os segundos, sentes os minutos, marcas o compasso com as pontas dos dedos em cima da mesa, emaranhados num lápis ou numa caneta qualquer.
Olhas o relógio.
Olhas a janela.
Questionas o vento, as folhas, as nuvens. Descodificas os vidros, as varandas, as casas, as vidas.
Reparas em ti. No teu corpo, nos teus gestos. Criticas-te. Odeias-te. Amas-te.
Amas-te a ti, e a ele. Ele, que nunca te amará a ti.
Olhas para trás. E o quanto custa olhar para trás.
A folha permanece limpa.
Olhas à volta. O tempo passou.
Apressas-te em sujar a folha, em preencher o vazio das linhas sem palavras e das palavras sem sentido nem sentimento. A tinta escorre, tal como corre o ponteiro do relógio. Esmagas o coração, a mente, a alma...
Acabas.
Oh plenitude. Tamanha plenitude! Puseste-te em símbolos e traços de um alfabeto teu, numa folha tua, numa expressão tua.
Sais a porta.
Mas tanto que ficou por dizer.

Sem comentários:

Enviar um comentário