27 janeiro, 2012

Saudosismo

"Escrever sobre o que se é ou se foi é meter-se por labirintos."

Qualquer tipo de escrita envolve a entrada em labirintos, os labirintos da nossa imaginação, criados por nós nos quais temos sempre saída. Porém, ao escrevermos sobre nós próprios, entramos em labirintos reais. Entramos em encruzilhadas do passado que nos assustam e que por muito que queiramos não conseguimos fugir delas. Reencontramos os fantasmas que em tempos nos assombraram e que tentamos esquecer. Ficamos presos nos recantos felizes e ainda mais presos nas raízes que escondemos. São os nossos labirintos, os labirintos inevitáveis, sem saídas escondidas nem ficção de super-poderes. É a realidade nua, são as imagens reflectidas em inúmeros espelhos ao longo dos caminhos do nosso interior. Os caminhos que vão dar sempre à única saída possível: a saída do que somos, a que vai enternamente depender de ninguém a não ser de nós.

13.12.2010
(de uma ainda mais longíqua aula do mestre D.)

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