06 dezembro, 2010

Conta-me histórias...

Questiono-me se algum dia as mentiras que tínhamos como verdades asseguradas, ao serem desvendadas pudessem quebrar todo o místico feitiço.
Se aquelas histórias que nos confortam e nos revigoram deixassem de existir e nos pusessem num estado de lástima por já não termos um porto seguro ao qual atracar no fim de um dia de tempestade.
Se as mentiras que tu contavas, por mais absurdas ridículas e irreais, fossem usadas como escudos protectores para o mundo exterior, para não destruirem a pequena alma indefesa que cultivo no meu interior.
Se as histórias fantasiadas faziam os meus olhos brilharem e encherem os teus olhos e o teu coração de luz e de motivos para novas histórias que muralhavam o meu ser e a minha segurança, construída pela tua segurança.
Se os cenários baseassem o meu dia e o meu quotidiano e me fizessem viver dentro do palácio contruído com o teu amor e com a tua paixão por mim, e pelo medo de me aventurar para fora dos limites da tua imaginação.
Se os contos enchessem o meu pensamento e consequentemente me fizessem pensar só em ti e na tua maneira de ser que me maravilhava e me fazia ansiar por mais e mais histórias que me contavam aquilo que queria e como queria, por ti.
E se tudo isto se desvanecesse no nevoeiro final de uma das tuas histórias e no dia seguinte não tivesses outro capítulo no nosso conto fantasiado? Se o meu coração já não voltasse a palpitar nos momentos fulcrais que saíam dos teus dialectos? Se o meu ser não dependesse mais do teu ser e da tua imaginação?
Não, isso não... Por isso continua, continua com as histórias, com as mentiras sem fundamento mas que me fazem viver, continua com as mensagens subliminares de amor e com a fantasia... Continua a deixar-me neste estado de ignorância, só para seres sempre o cavaleiro andante e eu a pequena princesa presente em todos os contos de fadas ditos por ti, amados por mim e vividos por nós.

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