25 outubro, 2015

Na morte de um livro

Como é que se pode matar um livro
Se o livro é a vida eternizada,
A história congelada,
O suporte físico de uma galáxia mental?
Para onde vão as palavras quando se mata um livro?
Para onde saltam as letras quando se queimam as folhas?
Na biblioteca lê-se «proposto para abate» - e assalta-nos a terrível sensação de que um pai mata um filho.
Não se podem matar os livros
Mas alguém, por certo, disse: hoje matei um livro.
E das suas mãos escorre a tinta do acto bárbaro.

Hoje mataram um livro, três livros, dez livros,
E com eles levaram uma parte, três partes, dez partes,
Das almas que encontram a vida no folhear.

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