07 julho, 2013

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É 00:58.
Um cão ladra lá fora. O latido ecoa e ressoa entre os prédios do bairro antigo.
A janela está aberta. Na sala invade o calor tórrido de uma noite juliana.
As luzes estão acesas. Em frente, casas habitadas erguem-se em massa.
O céu é de cor laranja por reflexo dos candeeiros públicos. Um leve ruído presente mais indecifrável ouve-se. O cão ladra de novo. Vêem-se três ou quatro estrelas. Vénus e Marte também, talvez. A lua está virada para o outro hemisfério.
É 01:01.
A cidade está envolta numa bruma suave de odor quente. O mundo está atado com um nó de forca no topo.
Ouve-se uma sirene. Os estores batem contra as janelas. O cão ladra outra vez. Um carro passa na rua. Breves momentos de um barulho agravado que cessa de seguida.
É 01:04.
O dia é uma criança numa incubadora. Uma luz apaga-se numa casa em frente. É tempo de renascer.
Mas nunca chegamos a morrer.

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