05 fevereiro, 2012

Sôdade

É já saudade a vela, além.
Serena, a música esvoaça
na tarde calma, plúmbea, baça,
onde a tristeza se contém.

os pares deslizam embrulhados
de sonhos em dobras inefáveis.
(Ó deuses lúbricos, ousáveis
erguer, então, na tarde morta
a eterna ronda de pecados
que ia bater de porta em porta!)

E ao ritmo túmido do canto
na solidão rubra da messe,
deixo correr o sal e o pranto
- subtil e magoado encanto
que o rosto núbil me envelhece.

Morna, Daniel Filipe
 
(Saudades dessa terra onde o sol é mais quente, onde o mar é mais salgado, onde o povo é mais nosso e onde a vida é mais vida.)

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