13 setembro, 2011

Musa

As luzes da cidade magnetizam a brisa noctívaga. Velhos amantes.
A cidade tem essa magnificência: cada molécula urbana completa o puzzle deixado no leito das sete colinas. Estas que, por sua vez, pousam sobre o tapete aos quadrados intemporal, em tons de branco e preto.
Os alfaiates vestiram milimetricamente os prédios pombalinos e as floristas distribuíram sardinheiras pelas janelas.
Cada beco, cada esquina, cada travessa foi colocada nesta cidade plantada pela mão de um mestre. Reflexo disso é o seu todo, a harmonia entre o ontem, o hoje e o amanhã.
É a mais bela das musas. A musa polivalente, omnipotente e omnipresente. A rainha que comanda os cavaleiros, que seguem cegamente cada impulso seu.
Lisboa é a mulher que todas as mulheres gostavam de ser: menina de bairro, dama de elite. A estrela que cintila num brilho constante. Uma pequena cidadã. Ou uma grande aldeã?
Alberga as suas gentes e as gentes alheias sob um céu transcendente, com cheiro a castanhas e sabor a café.

Na luz de final de tarde, tornando o cume deste reino numa planície de porcelana, deitas o teu xaile negro sobre o Tejo desta Lisboa tão cheia de fados teus.

1 comentário:

  1. Lisboa, nossa Lisboa. Tem um sabor único, a própria essência. (: gostei muito, fazes-me viajar.

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